Todos sabemos que o crédito é o grande busílis dos nossos dias. Contudo, continuamos a conviver com ele como se fosse o nosso maior inimigo. Confuso? Claro que não! Não o perdemos de vista e tratamos de o utilizar, de acordo com as nossas conveniências. Sem exageros, poderia dizer que muitos de nós somos consumidores compulsivos. A sociedade capitalista tornou os nossos sonhos em realidade, batendo, amigavelmente, com as mãos nos nossos ombros: “Deixa lá, não tens porque não queres! Se mereces, porque não o hás de ter? Leva agora e pagas… depois!”
Plenamente cientes disto, muitos bancos trataram do nosso caso. Acabámos por comprar dinheiro a usurários, que nos “ficam com a pele”, encarecendo, com os juros, encargos e seguros associados, aquele capital, “o vil metal” que compra a nossa felicidade e nos vende à banca, que nos compra o direito a sermos escravos, em troca das bugigangas e acessórios de que não prescindimos.
E, plenamente cientes disto, também, estão as lojas (grandes e pequenas superfícies) que nos enfiam “o Rossio pela Betesga”, pois somos todos capazes, se quisermos, “o sonho move o mundo” e sempre que o homem quer, “o mundo pula e avança”. Creio, até, que o poeta não se referia ao materialismo, mas a valores que o dinheiro não compra nem pode comprar, pois não têm preço…
Como dizia, os comerciantes perceberam as vantagens dos seus consumidores “comedores” de crédito e resolveram aplicar os mesmos princípios, isto é, oferecem aos seus clientes a oportunidade de adquirirem produtos a crédito, ali, diretamente na superfície comercial, não havendo necessidade de se deslocarem para a procurarem algures, numa qualquer instituição de crédito.
Assim, lançam mão dos “créditos coligados”, que representam a transação de duas coisas, de dois produtos:
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o “tal” produto adquirido pelo consumidor e que o lojista vende;
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o crédito pessoal.
É a vantagem “dois em um”: o comerciante oferece ao consumidor a possibilidade de não ter de se deslocar, pois, ele, no seu humilde estabelecimento comercial tem tudo! (até parcerias com instituições de crédito).
Parece vantajoso oferecer ao felizardo cliente a hipótese de rentabilizar o seu tempo noutra qualquer atividade, pois, afinal, “tempo é dinheiro!”
Porém, há que estar atento, caro consumidor: os produtos são vendidos todos na mesma condição?
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Há produtos vendidos com uma taxa normal de crédito pessoal;
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Há, por vezes, produtos em promoção a que associam um crédito com taxas de zero porcento de juro, por um determinado (e, normalmente, curto) período de tempo.
Para aferir realmente a veracidade do que lhe dizem, caro consumidor, solicite sempre a TAEG (Taxa Anual Efetiva Global), onde estão incluídos todos os custos do que compra.
É que:
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caso o crédito seja a custo zero porcento de juros, tal pode bem ser um ardil do marketing. Será porque o produto “oferecido” já tem, em si, um custo superior ao vendido no mercado, na competição? (Não se deixe iludir: a empresa “perde” nos juros, mas ganha no produto…) Também pode bem estar a esconder o facto de, se não paga juros … tem de pagar comissões e encargos e seguros associados! Já leu as condições contratuais, todas, todas, mesmo aquelas registadas em letras diminutas e que exigem o recurso a uns óculos graduados?… (porque a acuidade visual já vai faltando a quem é adulto e pode ter algum poder de compra)…
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se lidas todas as cláusulas do contrato, se concordar com elas e as considerar vantajosas para si (obviamente): aproveite para comprar esse produto a crédito, com zero por cento de juros!
Infelizmente, no trato umbilical que o cidadão tem com o mundo, o mais habitual, sensato e clarividente é aplicar aquele princípio da celebérrima máxima: “Quando a esmola é muita, o pobre desconfia!”
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2024-12-02
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